sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sonho de uma Noite de Verão

Podias ter sido tudo, mais do que um olhar momentâneo e fugaz que engana a alma e consume o coração, ser fogo e ser ardor. O teu andar sinuoso e gracioso pelas estreitas ruelas que à tua passagem se encantavam e murmuravam o canto da noite, dessa que roubavas e tornavas tua de uma maneira tão inocente quanto apaixonada. Ao teu sorriso retribuíam a mais suave das brisas que os teus cabelos tanto gostavam de acariciar; como censurar a vontade de tocar e sentir a perfeição que de ti exalta, como negar que és mais que uma mísera nota na melodia quando tu própria foste a musa, essência e alma desse cântico que fazes ecoar pela calçada, essa mesma calçada onde o Mondego conta a Coimbra os seus amores horas afim, essa mesma que tantos viu e poucos realmente sentiu.

A lenta melodia dos teus passos e o som do teu sorriso conquistam e enfeitiçam tudo quanto beijam, maldita mulher que roubas o protagonismo à senhora Lua e com ele abalas o mundo, ninguém nunca o saberá…
Revolta-me não ser capaz de to cantar, declamar ou simplesmente confessar, querer e não conseguir ser a rua pela qual o inverso de ti tanto anseia ou simplesmente não te saber tocar sem estragar a Ode que a tua existência é.
És vida para qualquer amante desta, heroína dos loucos e panteão da imaginação.

Poderias de facto ter sido tudo isso, mas nem eu sou a rua que queres nem tu saberias como tocar de letra nela, és delicadeza e rebeldia és demasiado para tão pouco coração, enlouqueces com um olhar para a seguir entristecer com um sorriso que nunca será meu, do qual nunca poderei ser razão ou ladrão. És o sonho efémero de uma noite de verão. Dessa noite que nunca será nossa, numa rua que nunca poderia ter sido a minha. Nada disto teria sido real

Apenas tu…


03h01
9 de Julho de 2010

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