terça-feira, 4 de maio de 2010

Diabo na Cruz - Virou!





E assim do nada, sem aviso prévio, aconteceu! Virou! Ninguém o esperava nem tão pouco estava preparado para algo assim, pelo menos neste pardieiro musical em que o nosso país se tem vindo a transformar nas últimas décadas, sobe a alçada ‘orgulhosa’ da MTV Portugal.
Felizmente de tempos a tempos ainda vão aparecendo umas agradáveis aragens de boa música.
Já o caso de Diabo na Cruz é um autêntico furacão no panorama da música nacional. Nunca por cá se tinha feito algo de igual a este nível. Os Sitiados andaram muito perto é um facto, mas são os Diabo na Cruz que se podem orgulhar de ter sido o primeiro Grupo a levar o folclore até ao Rock N’ Roll e mistura-lo com uma consistência, beleza, uma criatividade espantosa e uma harmonia fora do comum.

Se tivesse de escolher um par de álbuns para representar o que de melhor por cá se tem feito este ‘Virou’ teria obrigatoriamente que figurar entre os lugares cimeiros. Não é um fardo fácil este que eles suportam, porque quer se queira quer não, nos dias que correm são eles o motor da criatividade da música portuguesa, um motor que apesar de modesto é fiável e robusto; no entanto também não é algo novo para este intrépido conjunto que conta no alinhamento com músicos de renome, a começar no mentor e vocalista Jorge Cruz (já participou por exemplo no projecto Superego que foi um dos mais promissores no campo da música alternativa portuguesa), Bernardo Barata(dos Feromona), Pinheiro, B Fachada e João Gil (não o dos Filarmónica Gil).

Mas a verdade é apenas uma, se a tarefa que lhes era proposta era de outro mundo, desse mesmo mundo veio a resposta, na forma de uma robusta mas bela mulher do campo a quem carinhosamente chamamos Dona Ligeirinha. Foi ela que ao lado de Vitorino anunciou "O Regresso da lebre" e prosseguiu com este cantarolando pelas longas e vastas planícies alentejanas sendo apenas capaz de proferir "Tão Lindo" e derretendo inúmeros corações na sua jornada.
Tendo finalmente chegado a uma pacata aldeola com pequenas mas acolhedoras e soalheiras casas, sentou-se numa cozinha cantando ao sol que "Os Loucos estão certos" e que também ela estava louca por alguém, o que apenas poderia resultar em "Casamento" , mas quem seria digno de tal amor desta bela e irreverente jovem? Isso aí foi o "Bico de um prego" para resolver mas após algum tempo a seguir um vulto, fazendo montes e vales a cantar o seu amor finalmente o alcançou: "Dom Fuas Roupinho" que curiosamente também o amor procurava, uma certa moça que para ele era a mais bela, que certo dia havia visto a cantarolar alegremente pelos caminhos desse Alentejo e nunca mais vira desde então, desejava partilhar tudo com ela, se ao menos a pudesse descobrir… Até que certo dia pelas ruas dessa aldeola uma serena mas tocante melodia ecoou e Roupinho na hora da chegada dessa melodia "Fecha a Loja" e parte em busca dessa "Canção do Monte" onde por fim a acha e lhe pede a sua mão e lhe confessa o seu amor e dedica a sua existência. No seu jeito único convida-o para um "Corridinho de Verão" ao qual ele acede dançando desde o sopé até ao cimo desse belo monte de onde juntos miram a longa e infindável planície num suspiro partilhado na troca de um beijo longo e merecido.

Há tanto Tempo que não se via "Bom Tempo"


Não viraram apenas as suas vidas, viraram igualmente a música portuguesa do avesso bem como a um qualquer apreciador de boa música. Nada fazia esperar algo desta magnitude por esta altura. Resta ouvir e sorrir.


Algumas Músicas


Pois é Roque, então? Então que seja Roque! E Virou!

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